História da Biblioteca Pública Municipal de Lamego
Apontamentos para a História da Biblioteca de Lamego
A história das Bibliotecas cruza-se com o caminho da própria Humanidade. Embora a sua génese remonte às Antigas Civilizações (Babilónia, Grécia e Roma Antiga, Pérgamo ou Alexandria), caminhando de braço dado com a descoberta da escrita, será com o advento da Idade Média que se desenvolve o culto dos livros, em conventos e mosteiros, vindo a originar as primeiras grandes bibliotecas do nosso percurso histórico-cultural. Entre nós, será no século XVIII que as Bibliotecas Públicas começam a dar os primeiros passos, sob a égide dos ideais iluministas e liberais[1], então alimentadas com a extinção das ordens religiosas, acentuando-se, na segunda metade do século XIX, a sua criação e expansão, sendo legalmente instituídas em 1852, por iniciativa das câmaras municipais[2]. Com postura humanista e filantrópica, típica de uma burguesia liberal, as bibliotecas passam, assim, a ser vistas como a possibilidade das classes populares se afirmarem e acederem à cultura das classes privilegiadas, acedendo a um direito que, até à época, lhes era vedado, porque pertença de uma elite dominante[3].
E se a primeira metade do século XX confere às Bibliotecas Populares uma função essencial de “leitura pública e cultura geral popular”, durante a segunda metade, são as bibliotecas itinerantes e fixas da Fundação Calouste Gulbenkian que asseguram o serviço de leitura pública em Portugal, contra o silêncio do Estado Novo, tendo na década de 80 arrancado a rede de Bibliotecas Públicas com a construção de novas bibliotecas em praticamente todos os municípios deste país, prometendo um novo paradigma no acesso ao Conhecimento, à Informação, ao Lazer e à Cultura[4].
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[1] Cf. Alvará Régio de 29 de fevereiro de 1796. Este alvará ficará ligado ao desenvolvimento do conceito de Biblioteca Pública em Portugal, na medida em que abriu caminho à criação da Real Biblioteca Pública da Corte, que mais tarde viria a dar origem à atual Biblioteca Nacional.
[2] Ernesto Palma, A orientação da leitura. Lisboa: Sociedade de Expansão Cultural, 1966, p.79.
[3] Veja-se Maria Beatriz Marques, A satisfação do cliente de Serviços de Informação, 2012, p. 66.
[4] Zélia Parreira, O lugar das bibliotecas. Comunicação apresentada no Colóquio Internacional: O lugar da Cultura. Lisboa, Centro Cultural de Belém, 17 de abril de 2015.